sábado, 26 de janeiro de 2013

Cruel sociedade fútil

Cof, cof! E finalmente parava de tossir, após longos 5 minutos de agonia. O sangue escorria de sua boca e nariz, seu peito doía, sua cabeça explodia. Não saberia muito bem dizer o que sentia, sua vida sempre foi um misto de angústias e decepções, se dava muito bem com as pessoas, mas pecava em relacionamentos amorosos e familiares. Não sabia bem dizer o que era o amor ou o ódio, a secura de seus sentimentos já se tornara algo normal, mas sentia falta, muita falta de poder ouvir belas palavras verdadeiras e corresponder sinceramente a elas. Não que nunca houvesse tentado, talvez o excesso de tentativas o transformasse neste ser frio. Os seres humanos podem ser muito cruéis, principalmente quando se trata de relacionamentos amorosos. Olhava em sua volta e via pessoas fúteis com seus assuntos ridículos, pior que isso, via tantos ativistas reclamarem da tão criticada ditadura da beleza e compactuarem com ela descaradamente. Tanta hipocrisia, enganação, que aprendeu a ser igual, a pensar igual, a agir como a sociedade lhe mandava. Se esquecera apenas de um detalhe, a sociedade e seu jogo são cruéis, já que não possuía padrões de beleza e comportamento adequados a ela, se marginalizava, se deprimia, se drogava, esquecia. Acabava em mais uma esquina suja, com uma garrafa de conhaque já ao fim em suas mãos, enquanto a sua frente passavam os belos e ricos se divertindo em mais uma noite, com garotas fúteis, talvez não ricas, mas que o olham com desprezo e correm para o primeiro bem vestido que vêem. A sociedade o matou, plantando sonhos que não existiam em sua mente, matou seus verdadeiros sonhos, matou sua vida. Agora dispara mais algumas tossidas, se levanta e procura algum rumo, algum lugar longe deste, onde possa ficar só, sem toda aquela escória ao seu redor.