segunda-feira, 18 de março de 2013

A inspiração do poeta

De onde vem a inspiração de um poeta? Do belíssimo amor, diriam os ingênuos apreciadores daquela poesia que nada diz, que confunde, que a tudo engana nos mostrando um belo que não encanta por não ser real. Todo belo tem seus defeitos, até a mais linda donzela vem acompanhada de um frio coração e uma mente perversa, até o amor, tão considerado um nobre sentimento, vem acompanhado de ciúmes e egoísmo, detestável sentimento que vem para atrapalhar o livre prazer humano. Lá estava novamente Jimmy Wilshere, envolto mais um de seus pensamentos pessimistas enquanto bebia sua cerveja já quente e talvez vomitada. O que seria dele sem sua solidão? A tortura mental que sofre a cada segundo talvez cessaria, mas o que seria mais importante, sabedoria ou ser socialmente aceitável? Hipocrisia seria responder qualquer uma das duas. O humano é um animal insatisfeito, nunca procurou sua própria felicidade, mas apenas a sensação de tê-la, a plena riqueza material que ultrapassa qualquer procura real em estar de fato satisfeito consigo mesmo. A sabedoria nos torna soberbos, o social nos torna fúteis, por isso Jimmy não pensa em nenhum dos dois, está mais preocupado com sua cerveja. De onde vem então a inspiração de um poeta? Do nada, do vazio existencial que é nossas vidas, do mundo podre e fétido que nos cerca, a busca incessante em soltar as vozes mentais que tanto atormentam este ser que se diz inteligente. Reprimi-las é como reprimir nossa essência e nossa verdadeira função, o homo filosofus, que a tudo tudo nomeou e classificou, chegou a conclusão que já não resta o que fazer. E agora? Mais um gole na cerveja por favor, e foda-se sua poesia barata e mentirosa.

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